segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Mas o que é TDAH?

Depois de um longo período sem atualizar o blog, resolvi retomar este projeto. Algumas pessoas acreditam que eu não deveria me expor assim, mas eu acredito que passar por tudo, enfrentar todas as lutas, e aprender caminhos para a superação não teria valor se as lições aprendidas não puderem ser divididas com aqueles que enfrentam batalhas semelhantes.

Enfim, vamos às explicações...

Segue uma entrevista feita com a Dra Ana Beatriz Barbosa Silva (autora do livro "Mentes Inquietas") para o site Medicina do Comportamento. Acredito que será bastante elucidativa para todos os que se interessam pelo tema!


  • O que é o Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)?
    Ana Beatriz: O TDAH é um transtorno neurobiológico caracterizado por três sintomas básicos: desatenção (instabilidade de atenção), impulsividade e hiperatividade (inquietação).

    Muitas crianças e adolescentes apresentam desatenção, inquietude e impulsividade. No entanto, algumas delas têm essas características em um grau muito mais elevado que o observado em seus pares da mesma idade. Podemos dizer, então, que essas crianças ou adolescentes são portadoras de TDAH. Trata-se de uma diferença comportamental de aspecto quantitativo e não qualitativo. 
  • Como podemos observar os três sintomas de base do TDAH?
    Ana Beatriz:
    Alteração da atenção

    Esse é, com certeza, o sintoma mais importante no entendimento do comportamento TDA, uma vez que esta alteração é a condição sine qua non para se efetuar o diagnóstico. Uma pessoa com TDA pode ou não apresentar hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência à dispersão.

    Para um TDA, manter-se concentrado em algo pode ser um desafio tão grande como para um atleta de corrida com obstáculos que precisa transpor barreiras cada vez maiores até chegar ao fim da pista. Essa dificuldade em se manter concentrado em determinado assunto, pensamento, ação ou fala, costuma provocar situações bastante embaraçosas na vida escolar, profissional, social, familiar e afetiva de um TDA.

    Impulsividade
    Os TDAs tendem a reagir de maneira exacerbada frente aos estímulos do mundo externo, quando percebidos, é claro. E os estímulos percebidos tendem a ser aqueles com maior conotação emocional.

    Crianças TDAs costumam dizer o que lhes vêm à mente, envolver-se em brincadeiras perigosas, brigam com reações exageradas e isso lhes rende rótulos desagradáveis como “mal-educadas”, “más”, “grosseiras”, “agressivas”, “irresponsáveis” etc.

    No adulto TDA, a impulsividade também trará sérias consequências: maior número de demissões em empregos, separações conjugais, envolvimento com acidentes em gerais (inclusive automobilísticos).

    Hiperatividade física e mental
    É muito fácil identificar a hiperatividade física de um TDA. Quando crianças mostram-se agitadas, chegam a andar aos pulos, como se seus passos fossem lentos demais para acompanhar a energia contida em seus músculos. Em ambientes fechados, mexem em vários objetos ao mesmo tempo, derrubando grande parte deles no ímpeto de checá-los simultaneamente. Por essas razões costumam receber designações pejorativas como “bicho carpinteiro”, “elétricas”, “desengonçadas”, “petinhas”, “diabinhas”.

    Nos adultos podemos observar a hiperatividade física naqueles que “sacodem” incessantemente as pernas, “rabiscam” com constância papéis à sua frente, roem unhas, mexem o tempo todo nos cabelos, “dançam” em suas cadeiras de trabalho e estão sempre buscando algo para manter as mãos ocupadas.

    A hiperatividade mental sempre estará presente em qualquer TDA. Ela pode ser entendida como um “chiado” cerebral, tal qual um motor de automóvel desregulado que acaba por provocar um desgaste bastante acentuado.


  • Existem formas distintas de TDA?
    Ana Beatriz: O TDA pode se apresentar em subtipos diferentes, de acordo com os sintomas que predominam em seu comportamento (desatenção ou hiperatividade/impulsividade). Existem TDAs que se caracterizam mais pelos sintomas de desatenção (dispersão), ao passo que outros TDAs podem ter mais evidenciados os sintomas de hiperatividade-impulsividade. Ou, ainda, ter sintomas combinados de dispersão e de hiperatividade. 
  • Quais podem ser as consequências do TDAH?
    Ana Beatriz: Ter TDA não é grave. No entanto, não tratá-lo de forma precoce podem gerar problemas negativos em diferentes áreas. No caso das crianças, o mau desempenho escolar ou de mau comportamento costumam ser os fatores motivadores na busca de auxílio. A criança TDA tende a ter seus sintomas exacerbados na escola pelo fato de este ser um ambiente no qual ela precisa seguir regras e prestar atenção por períodos de tempo prolongados, especialmente em atividades monótonas ou menos prazerosas. Além disso, a criança TDA costuma apresentar dificuldades de relacionamentos com seus colegas. 

    Nos adultos os problemas tendem a ser mais variados. Os adultos TDAs podem ter seus estudos incompletos; são mais suscetíveis a sofrer acidentes em geral; apresentam maiores taxas de divórcio; tendência a uso de drogas, ansiedade, angústia, depressão e diversos transtornos de forma comórbida (secundária). 
  • Qual é a prevalência do TDAH? 
    Ana Beatriz: O TDAH é uma condição que se manifesta na infância e, na maioria das vezes, continua na idade adulta. Estudos revelam que 3 a 7% das crianças em idade escolar sofrem de TDAH. Entre 60 e 70% das crianças acometidas pelo transtorno levarão e continuarão com os sintomas na idade adulta. O que geralmente ocorre é a que a pessoa portadora de TDAH nunca foi diagnosticada. Por essa razão, estima-se que o TDAH é o transtorno psiquiátrico mais comum não-diagnosticado entre os adultos. Tudo não passa de uma continuação do problema que se iniciou na infância.

    O entendimento sobre o TDAH na fase adulta pôs fim a um mito, que perdurou por muitas décadas (inclusive na classe médica), de que o transtorno era exclusivo de crianças.
  • Existe diferença entre o TDAH feminino e o masculino? 
    Ana Beatriz: Sim. Diferentemente dos homens, mulheres com TDA podem, muitas vezes, passar incógnitas aos olhos mais atentos. Entre elas predomina o tipo sem hiperatividade física, ao contrário de seus pares masculinos. Tal diferença, determinada por particularidades biológicas dos sexos e aliada ao componente cultural, pode contribuir para a aparente superioridade numérica da população masculina entre os que têm o diagnóstico de TDA.

    Sabe-se que para cada mulher com TDA, em média, há três homens, segundo estudos mais recentes (esta proporção já foi considerada de cinco para um). No entanto, permanece a dúvida se o TDA é realmente mais frequente em homens ou se as mulheres estão sendo subdiagnosticas.

    O reconhecimento do TDA em mulheres também representou um marco no estudo do funcionamento cerebral TDA, e pôde desfazer outro mito sobre o transtorno: o fato de o TDA ser uma condição exclusiva de homens. 
  • Como é feito o diagnóstico do TDAH?
    Ana Beatriz: Estabelecer critérios para a identificação de uma pessoa TDA sempre foi um grande desafio enfrentado pela psiquiatria e a psicologia. Na realidade isso ocorre em quase todos os transtornos psiquiátricos, uma vez que não se dispõe, até o momento, de um exame específico, que por si só, seja capaz de estabelecer o diagnóstico do TDA. Por isso, uma conversa detalhada sobre toda a história de um indivíduo, desde sua gestação até os dias atuais, é fundamental.

    Sugiro que as seguintes etapas sejam seguidas no processo de diagnóstico do TDA:

    1ª etapa: procurar um médico especializado no assunto para que se possa expor ideias sobre a possibilidade de alguém ou a própria pessoa possuir um funcionamento cerebral desse tipo.
    2ª etapa: relacionar para o médico as suas (ou de outros: filhos, parentes etc.) dificuldades e desconfortos nas áreas acadêmica, profissional, afetivo-familiar e social, citando exemplos situacionais claros.
    3ª etapa: verificar se tais problemas estiveram presentes desde a infância.
    4ª etapa: certificar-se de que suas alterações se apresentam em grau (intensidade) significativamente maior quando comparado com outras pessoas de seu convívio, que se encontram na mesma faixa etária, e em condições socioculturais semelhantes.
    5ª etapa: eliminar a presença de qualquer situação médica ou não médica, que seja capaz de explicar as alterações apresentadas no seu comportamento, bem como os transtornos que elas lhes causam no dia a dia.
    Para o diagnóstico do TDA em adultos é fundamental e imprescindível detectar as alterações primárias (de atenção, de impulsividade e de hiperatividade) na história infantil do indivíduo, uma vez que não é possívelque uma pessoa passe a ter TDA na fase adulta da vida.

    O ideal é que a história clínica do indivíduo, no processo diagnóstico, seja relacionado com os critérios listados no DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), desenvolvidos pela Associação de Psiquiatria Americana (APA).

    Testes psicológicos, exames de neuroimagens funcionais, dosagens sanguíneas de neurotransmissores, avaliações fonoaudiológicas podem e devem ser solicitadas. Eles podem fornecer informações valiosas e complementares no diagnóstico como no planejamento terapêutico de cada pessoa, embora não possam ser utilizados como ferramentas centrais para o diagnóstico primário do TDA. 
  • Qual é o tratamento para o TDAH? 
    Ana Beatriz: Costumo dividir o tratamento do TDA em quatro grandes etapas:

    1. Informação e conhecimento:
    Informação sobre o funcionamento TDA trará conhecimento que auxiliará na compreensão de como o transtorno afeta sua vida e de todos que se encontram ao se redor.

    2. Apoio técnico
    :
    O apoio técnico consiste em criar uma rotina pessoal, que facilite a vidas prática de um TDA e que seja capaz de compensar, em parte, a sua desorganização interna. Muitas vezes essa etapa é feita com o terapeuta dentro da própria psicoterapia de linha cognitivo-comportamental.

    3. Medicamentos
    :
    Existem diversas possibilidades medicamentosas para os TDAs. A terapêutica farmacológica deve ser tentada, pois para a maioria absoluta das pessoas com TDA, a medicação tem apresentado resultados extremamente úteis. Apenas uma minoria, em torno de 15%, não obtém efeitos positivos com o uso das medicações. 

    4. Psicoterapia
    :
    A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a mais adequada aos TDAs. Nessa abordagem o terapeuta conduz o paciente TDA, baseado em vivências concretas, a reformular os conceitos negativos de si mesmo e, dessa forma, abrir caminho para que suas ações e comportamentos no dia a dia possam ser direcionados para suas realizações pessoal, profissional e afetiva.

    Finalizo este item desfazendo outro mito sobre o universo TDA: o de que o tratamento baseia-se única e exclusivamente no uso de determinadas medicações. A medicação, por si só, não constitui todo o tratamento do TDA. É apenas uma das etapas no processo global de tornar a vida das pessoas mais confortável e produtiva. As medicações podem ser complementos úteis e poderosos, mas jamais devem ser consideradas isoladamente dentro da complexa engrenagem de qualificar o cotidiano de um TDA. 
  • O que causa o TDAH?
    Ana Beatriz: Estudos no mundo inteiro revelam a tendência genética que o TDA possui. A origem genética do transtorno é facilmente constatada quando nos atemos à história familiar destas crianças ou adultos. 

    O que um TDA herdaria geneticamente seria um funcionamento alterado de algumas substâncias específicas do cérebro, em especial a dopamina e a noradrenalina. As pesquisas também revelam que essas alterações estariam mais evidentes na região frontal do cérebro (os chamados lobos frontais), que correspondem a nossa testa e fronte. A alteração de tais substâncias nessas regiões seriam responsáveis por todos os sintomas apresentados pelos TDAs. 
  • Toda criança ou adolescente TDA é mau aluno?
    Ana Beatriz: Não. Os TDAs predominantemente desatentos tendem a apresentar maiores dificuldades na condução de suas vidas acadêmicas, por apresentarem uma maior dificuldade em se atentar e apreender as informações que lhe são apresentadas. Já os impulsivos/hiperativos tendem a ter menos dificuldades cognitivas, mas as comportamentais são bem mais evidentes.

    Isso também era um mito na história do funcionamento TDA: “todo TDA é mau aluno”. Mais um mitodesfeito! TDAs podem, inclusive, ser ótimos alunos em determinadas matérias, uma vez que a “paixão” por um determinado assunto ou campo de conhecimento pode colocá-los em estado de hiperfoco, fazendo com que sua atenção e concentração funcionem de maneira “turbinada”. 
  • Por que algumas pessoas insistem em negar a existência do TDAH?
    Ana Beatriz: Antes de qualquer ponderação, é importante deixar claro que o TDAH é um transtorno mental amplamente estudado e pesquisado no âmbito científico, em diversas partes do mundo. É oficialmente reconhecido na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) – da Organização Mundial de Saúde (OMS) –, e pela Associação de Psiquiatria Americana (APA), por meio do DSM-IV.

    O aumento do número de diagnósticos ocorridos nos últimos anos está relacionado a uma difusão do conhecimento sobre o transtorno e não a um simples “modismo”, como algumas pessoas costumam atribuir.

    Existem diversas razões para a descrença da existência do TDAH. Vivemos em uma democracia e, por isso mesmo, temos que respeitar as opiniões contrárias, sejam elas quais forem. No entanto, muitos se baseiam em opiniões e crenças pessoais em detrimento do conhecimento alicerçado em pesquisas sérias e científicas, que são atualizadas de forma contínua à medida que novos estudos são publicados em veículos especializados. 

    A falta de conhecimento sobre o TDAH também pode estar por trás da descrença no transtorno. Sem dúvidas, a desinformação acerca do TDAH é algo que atinge não somente leigos, mas, infelizmente, profissionais da saúde (incluindo, médicos e psicólogos). Tais dados vieram à tona em diversas pesquisas realizados ao redor do mundo e, mais recentemente, em nosso país. 

  • A postagem original está neste link: http://www.medicinadocomportamento.com.br/dra_ana_beatriz_barbosa_silva_livros_pergresp3.php

    Sobre a autora:


    Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva


    Médica graduada pela UERJ com pós-graduação em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora Honoris Causa pela UniFMU (SP) e Presidente da AEDDA – Associação dos Estudos do Distúrbio do Déficit de Atenção (SP). Diretora da clínica Medicina do Comportamento (RJ), onde faz atendimento aos pacientes e supervisão dos profissionais de sua equipe. Escritora, realiza palestras, conferências, consultorias e entrevistas nos diversos meios de comunicação, sobre variados temas do comportamento humano.

    Livros Publicados: 
     Mentes Inquietas - TDAH: Desatenção, hiperatividade e impulsividade [Publicação revista e ampliada]
     Mentes e Manias: TOC: Transtorno Obsessivo-compulsivo [Publicação revista e ampliada]
     Sorria, você está sendo filmado (em parceria com o publicitário Eduardo Mello) 
     Mentes Insaciáveis: Anorexia, bulimia e compulsão alimentar
     Mentes Perigosas: O psicopata mora ao lado
     Bullying: Mentes perigosas nas escolas 
     Mundo Singular: Entenda o autismo 
     Corações Descontrolados: Ciúmes, raiva e impulsividade 


    E-mail: anabeatriz@medicinadocomportamento.com.br

    quarta-feira, 4 de julho de 2012

    Drama para conseguir consultas!

    Talvez a maior dificuldade não-relacionada a condição neurológica que os portadores de TDAH enfrentam seja conseguir atendimento médico e receitas. As filas de espera de meses, os profissionais despreparados e o controle rigoroso do governo sobre a medicação dificultam tudo.
    A última coisa eu até entendo e não sou de todo contra.
    E sei que as duas primeiras estão interligadas: quanto menor o número de médicos psiquiatras e neurologistas que verdadeiramente conhecem o distúrbio, maior a fila de espera para marcar uma consulta com eles. Já passei por médicos de todos os tipos: os que conheciam o TDAH mas que não se importavam, os que se importavam mas não conheciam e os que não conheciam e nem se importavam.
    Os três piores foram do primeiro tipo.
    Um deles conhecia o TDAH e sabia que muito frequentemente o portador é "hipersexualizado", e por isso resolver dar em cima de mim com perguntas inconvenientes sobre minha vida sexual.
    Outro admitiu que "deu uma pincelada por cima na faculdade", e que "estava aprendendo muito" comigo, e resolveu testar vários remédios em mim para ver o que aconteceria, como se eu fosse uma cobaia!
    E o outro, o último que procurei, semana passada, esqueceu que como todo bom TDAH (nós demoramos para assimilar um novo comportamento, mas uma vez assimilado, dificilmente alteramos aquela rotina, fazemos até mecanicamente) eu não interromperia minha medicação para fazer um novo eletroencefalograma a não ser que ele me lembrasse de fazer isso! Ele não fez a parte dele, eu não fiz a minha (lembrei sozinha quando faltavam 15 horas para o exame), e o resultado foi "normal" na maior parte das reações de meu cérebro. No retorno eu falei com todas as letras "Mas doutor, saiu 'normal' por eu ainda estava sob efeito da medicação, o senhor esqueceu de me avisar para interromper 24 horas antes!" Sabem o que ele fez? Nada! Ou melhor... continuou escrevendo, tirou um xerox da carta de encaminhamento do meu último neurologista, assinou minha ficha, devolveu meu exame e sem olhar para mim foi dizendo "Você deveria estar feliz, não tens problema nenhum!". Em seguida estendeu a mão e se despediu de mim. Saí atônita!
    Eu me trato com cloridrato de metilfenidato há 10 anos. Não funciono sem ele. Mas cada vez que me mudo de cidade é esta mesma novela até encontrar um médico que conheça TDAH/DDA, seja humano, se importe e tenha espaço para mim na sua agenda.

    segunda-feira, 2 de julho de 2012

    Hobbies!

    Agora que estou mais adaptada à minha nova cidade, e - por que não dizer - minha nova vida, resolvi voltar a fazer algum tipo de artesanato. Amo ponto cruz desde pequena, e já retomei este hobby. Estou finalizando uma toalha de copa bem fofa, quando estiver pronta posto a foto aqui.
    Sempre tive curiosidade por scrapbooking, mas nunca tive tempo para dedicar-me a aprender. Mas como a minha vida está mais sossegada, resolvi desenterrar esta idéia. Como qualquer artesanato, o scrapbook é uma delícia de fazer, e só precisamos tomar cuidado com alguns detalhes para que ele tenha um bom acabamento e saia caprichado! Eis meu primeiro cartão feito com esta técnica:

    E então? Ficou bom?
    Estou aberta a opiniões e sugestões, quero muito aprimorar minha técnica. Um abraço a todos!

    quarta-feira, 13 de junho de 2012

    Antes do diagnóstico de TDAH...


    Conversando com uma pessoa que está começando agora a medicar-se com Ritalina, comecei a lembrar de como era a Kátia antes de seu tratamento...

    Desde pequena, muitos anos antes de saber que existe o Transtorno do Déficit de Atenção, ou de imaginar que eu fosse portadora de algum distúrbio desta natureza, eu era simplesmente uma criança “diferente”. Eu era muito criativa, sonhadora e amava passar horas pensando, inventando histórias, desenhando, brincando e lendo. Lembro que quando eu ficava magoada meu consolo era fechar os olhos (se necessário, também os ouvidos), e “fugir” para meu mundo perfeito, rodeada de personagens – todos planejados detalhadamente por mim mesma. 

    Aprendi a ler com 6 anos, e aos 8 já tinha bastante fluência. Foi nesta idade que li minha primeira enciclopédia, todos os 10 volumes, pulando apenas as partes de fórmulas químicas e físicas. Alias cálculo nunca foi meu forte, e mais tarde eu soube que uma de minhas comorbidades é a discalculia. Por outro lado, eu me apaixonei por História, Arqueologia, Antropologia, Arte, Biologia, Palenteologia e Mitologia. Também me embevecia com as Biografias, principalmente dos cientistas. Ficava fascinada com o fato de que as maiorias das grandes descobertas científicas surgiram de simples fatos do cotidiano. 

    Lembro-me de ter ganhado um porta-joias lindo, todo de madeira, pintado com flores. Eu guardei nele um filme queimado (aqueles de fotografia), pincéis, pinças, potinhos e outros cacarecos mais, que compunham meu “estojo científico”. Mas eu amava bonecas também, claro. Eu brincava de Barbie, e a minha trabalhava em um museu de arqueologia, feito com barras de sabão azul, pedras, conchas, estrelas marinhas, pedaços de corais, etc. Lembro também de ter ficado realizada o dia em que encontrei um esqueleto de rato inteiro, faltando só o crânio. Eu o guardei em um vidro de café, com todo cuidado. Quem não gostou nada foi minha mãe, que o jogou fora sem dó nem piedade, alegando que eu poderia adoecer. Chorei por muitos dias, magoada com a “insensibilidade” dela.
    Um dia eu assisti a um documentário que mostrava arqueólogos mergulhando no litoral mexicano, para ver cavernas com pinturas rupestres. Aquilo me encantou, e passei dias sonhando com os arqueólogos do futuro vindo estudar minha casa. Resolvi facilitar o trabalho deles, e comecei a coletar plantas, colar em folhas sulfite e anotar todos os dados de cada uma: nome popular, nome científico, tipo, gênero, espécie, família, etc. Aí eu colocava esta folha em um plástico e vedava com fita “durex”. 

    Minha infância foi bem feliz. Na adolescência é que comecei, de fato, a me sentir diferente dos outros. Quando alguém perguntava sobre ator, cantor ou filme preferido, eu me dava conta de que não sabia quase nada sobre estes assuntos. Eu gostava dos cantores que meus pais ouviam, e assisti aos filmes que passaram em casa ou que me levaram para assistir, mas nunca tinha parado para pensar em qual me agradava mais e o porquê. Como todo adolescente, eu queria me enturmar e ser aceita, mas tive dificuldades e comecei a ficar cada vez mais braba e irritadiça. Talvez você uma forma de dizer: “Vocês não me querem? Ok, eu não preciso de vocês.” Eu me condoia com os rejeitados, e os defendia, e por isso aqueles que ninguém queria por perto acabaram se tornando minha turma. Por um lado isso era legal, mas por outro, a maioria deles não se interessava pelos meus gostos também, então eu continuava me sentindo só. Me sentia inadequada, apenas “orbitando” ao redor da sociedade. Sentia que não havia lugar e função para mim nesta terra. Com o tempo, passei a querer morrer. 

    Quando eu estava com 20 anos de idade, um primo foi diagnosticado como portador de TDAH. Meu tio conversou com minha mãe e disse que via muitos sintomas de TDAH em mim também. Assim, depois de passar por 3 psiquiatras, 2 neurologistas e vários exames, comecei a tomar Ritalina.
    Nos primeiros dias me senti mais ansiosa e irritadiça do que antes, e tremia mais do que um bambu verde. Mas logo meu organismo se acostumou, e os benefícios começaram a aparecer. Um dos primeiros foi a mudança de letra (?!?), que era feia e insegura e tornou-se redonda, firme e simétrica. Comecei a ficar mais tempo focada nas atividades cotidianas, e os períodos de hiperfoco foram ficando menores. Minha mãe diz que sou uma versão feminina de “Jekill and Hyde”, tal foi a minha transformação. 

    De repente, comecei a prestar atenção nas pessoas ao meu redor. Tudo nelas era fascinante: gesticulação, expressões, tons de voz, histórias, reações, tudo! Era como se eu estivesse finalmente descobrindo o mundo. Eu saí de dentro de mim mesma e comecei a observar a sociedade. Então as músicas se tornaram interessantes, a moda, a arquitetura, as invenções científicas... Enfim, tudo o que a mente humana produz se tornou objeto de grande interesse para mim. Em poucos meses descobri o que as outras pessoas descobrem em anos, e logo escolhi cantores favoritos, logo decidi que filme me agrada mais, que lugares quero conhecer. Comecei a entender as pessoas, e a conseguir compartilhar dos gostos delas. Então comecei a querer fazer tudo que nunca tinha feito: sair para dançar, namorar, sair com amigos. Antes tarde do que nunca, né? 

    Até hoje sinto que quase ninguém me conhece e me compreende completamente, mas isso não dói mais, porque já não me sinto uma alienígena como antes. É como se meu cérebro pudesse trabalhar em modo “social” (focado em coisas mais “normais”) quando estou com outras pessoas, ou em modo “eu mesma” (focado nas coisas que dão prazer só a mim mesma) quando estou sozinha. Com a diferença de que agora, depois de 10 anos de medicação, consigo dosar o tempo gasto com meus hobbies e o tempo necessário para cuidar das atividades diárias inerentes à vida de adulto. E estou indo bem!

    segunda-feira, 4 de junho de 2012

    Novo projeto!

    Eu sempre gostei de ler e escrever. Por isso estou bem satisfeita com o novo projeto em que estou engajada, o portal evangélico Gospel Planet. Por enquanto minha participação lé é relativamente pequena, faço apenas a seleção das notícias e as traduções dos devocionais. Mas o retorno dos leitores já está sendo muito bom, nossa fan page cresce dia-a-dia e nosso alcance está cada vez maior. Acesse você também: www.gospelplanet.com.br. Conto com seu feedback! ;)

    terça-feira, 27 de março de 2012

    Saudade do meu sobrinho, meu menino, meu amor!

     Nicolas...


     "É só você que me provoca essa saudade vazia
    Tentando pintar essas flores com o nome
    De 'amor-perfeito'
    E 'não-te-esqueças-de-mim'"